29 de mar. de 2010

ENCERRANDO CICLOS

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..E lembra-te:Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.

22 de mar. de 2010

Experimentar

Em relação ao post anterior, desculpem-me, mas terei que comentar o trecho:
“Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor. (...) Experimente ser amado...”
Posso parecer recalcada e tenho absoluta noção disso. Alguém muito sábio uma vez já disse que uma relação depende de duas pessoas. Acredito que, conseqüentemente o amor também.
Quem já não experimentou o amor? Soa banal, trivial, fácil. Quem já experimentou amar a dois é outra questão bem mais complexa.
Irônico não. E quem experimenta o amor sozinho? Que ama sozinho, sofre sozinho, sonha sozinho?
E quem é amado sabendo que aquela pessoa poderia ser tudo e o corpo simplesmente não obedece, o coração não obedece ao interesse que deveria surgir. Não obedece e aos amigos dizendo: “É tudo que você podia querer”
Fica claro que não falo aqui de amor de mãe, tia, primo, vó. Falo de homem e mulher, homem-homem, mulher-mulher ou todos juntos.
Me pergunto quase todos os dias o que é, afinal, ser amado. Eu não sei isso.
A vida ensina a gente a restringir o amor quando as coisas não vão pelo caminho que se espera.
Quando se tem 15 anos, a gente ainda não sabe disso. A gente ainda não sabe que pode frear sentimentos. Um beijo e o mundo desaba. Parece inevitável. Mas não. Ah, não. Em um dado momento deixa de ser.
É o tal “calejamento”. Vem com o tempo. Hoje, já não sei se ainda existe o arrebatamento. Esse inevitável arrebatamento.
Existe? Pergunto: depende só de mim amar? Depende só de mim experimentar ser amado?
Nem dar depende só de mim! Talvez seja um pouco mais fácil. Façamos isso então. Quem sabe o amor esqueça de começar numa dessas noites loucas, com alguém te puxando os cabelos da nuca, sem delicadeza, sem querer dormir encaixadinho.
Você acredita nisso?
Não.
Custa tentar?
Hehe.

DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.

Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.

Mas dar é bom pra cacete.

Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...

Te chama de nomes que eu não escreveria...

Não te vira com delicadeza...

Não sente vergonha de ritmos animais.

Dar é bom.Melhor do que dar, só dar por dar.

Dar sem querer casar...

Sem querer apresentar pra mãe...

Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...

Te amolece o gingado...

Te molha o instinto.

Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.

Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.

Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.

Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.

Dar é bom, na hora.

Durante um mês.

Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.

Dar é não ganhar.

É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.

É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.

É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: “Que que cê acha amor?".

É não ter companhia garantida para viajar.

É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.

Dar é não querer dormir encaixadinho...

É não ter alguém para ouvir seus dengos...

Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.

Esse sim é o maior tesão.

Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

Experimente ser amado...

Descompromisso

Caro estranho,

Nossa estranheza nos levou à cama
E seguimos nos desconhecendo
Não perguntei de onde vieram tuas cicatrizes
E não me perguntaste se eu já havia usado o cabelo mais curto
Simplesmente nos beijamos e dispensamos todos os porquês
Fui uma mulher qualquer e fostes mais um homem
E se esse descompromisso não merece ser chamado de amor
Ainda assim não carece ser desfeito e esquecido

Meu caro estranho,
Mesmo nos amores não há nada muito além disso.